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Os antibióticos são remédios capazes de combater infecções causadas por microrganismos, normalmente bactérias. As polimixinas são um grupo de antibióticos que agem contra uma parcela das bactérias existentes, chamadas de bactérias gram-negativas. Porém, esse tipo de antibiótico é relativamente tóxico ao sistema nervoso e urinário humano. É por isso que as polimixinas são usadas apenas em último caso, quando a infecção é severa ou outros tratamentos foram ineficazes. Mas nem todas as bactérias morrem quando em contato com um antibiótico. Algumas apresentam mutações de resistência em seu material genético e sobrevivem mesmo as polimixinas, gerando linhagens resistentes. Por esse motivo, as dosagens devem ser rigorosamente controladas, mas o problema surge quando essa resistência começa a ser transferida de bactéria pra bactéria.

 

            A resistência bacteriana às polimixinas, mais precisamente ao seu subtipo colistina, se dava apenas por meio de mutações nos cromossomos (moléculas de DNA presentes nas células e que contêm os genes). Contudo, devido a estudos realizados na China, os pesquisadores observaram que essa resistência poderia ser passada de uma bactéria resistente para outra não-resistente por meio de uma estrutura chamada plasmídeo.

Superbactérias chinesas: transferência pela resistência

Figura: Pilus sexual de bactérias gram-negativas por onde os genes do plasmídeo passam  - FONTE da imagem - Tortora, Gerard J., Berdell R. Funke, and Christine L. Case. "Microbiologia." Microbiologia. Armed, 2012. pg 237

Os plasmídeos também são moléculas de DNA, só que podem ser trocados entre bactérias pelo processo de conjugação (análogo à reprodução sexuada). Assim, os genes de resistência presentes no DNA, se estiverem presentes nos plasmídeos, têm mais chances de serem transferidos para diversas espécies. Essa transferência pode gerar bactérias multirresistentes mesmo a antibióticos potentes. Como contamos com os antibióticos como o remédio para infecções bacterianas, bactérias multirresistentes são um risco a saúde mundial.

 

             As espécies de bactéria Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa foram as mais encontradas com o gene de resistência durante as análises laboratoriais em amostras de galinhas, porcos e até de humanos.  Este gene foi encontrado nos plasmídeos dessas bactérias, tendo sido demonstrado que este gene tem alto potencial de transmissão entre bactérias. O problema é que essas espécies são responsáveis por causar várias doenças também nos seres humanos, particularmente quando se trata de infecções hospitalares. O fato da colistina ser amplamente utilizada na agropecuária asiática foi o principal motivo que desencadeou a seleção do gene de resistência a esse antibiótico e possibilitou que ele fosse transferido de maneira irrestrita. Essa negligência preocupa os cientistas do mundo todo, que recomendam que intensos estudos e fiscalizações sejam feitos, além da reavaliação do uso das polimixinas em animais. Afinal, não queremos que um apocalipse microbiano, certo?

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Março/2016

Autor:Breno Martins Barros

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Para saber mais:

Liu, Yi-Yun, et al. "Emergence of plasmid-mediated colistin resistance mechanism MCR-1 in animals and human beings in China: a microbiological and molecular biological study." The Lancet Infectious Diseases (2015).

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