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A Hyla japônica é uma espécie de perereca amplamente distribuída na Ásia. Esta espécie foi recentemente estudada por pesquisadores da Universidade Nacional de Seoul na Coreia do Sul com o intuito de determinar a influência de um fungo em seu comportamento reprodutivo. Este fungo parece aumentar os esforços para o acasalamento da rã, e por consequência disseminar sua contaminação e sobrevivência.
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O estudo foi dirigido pelo biólogo Bruce Waldman que conseguiu comprovar a relação entre a infestação do fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) e a manipulação do comportamento reprodutivo do hospedeiro. Consequentemente há a disseminação da doença conhecida como quitridiomicose, atual responsável pela diminuição populacional de anfíbios em vários países. Pouco se sabe sobre a origem do Bd e seu desenvolvimento. Como não existe atualmente uma forma de controle eficaz para essa doença, algumas espécies de anfíbios correm grande risco de extinção.
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Waldman acompanhou um grupo de espécimes silvestres
de H. japônica em arrozais em Namyangju, província de
Gyeonggi na Coréia do Sul durante seu período de
reprodução, testando todas para a presença do fungo e
identificou uma pequena parcela de machos como infectada
e descobriram um fato curioso sobre a quitridiomicose:
Os indivíduos infectados tiveram maior sucesso de
acasalamento em relação as espécies não-infectadas.
Isso se deu por esses machos durante o acasalamento
apresentarem uma maior frequência de vocalização
(o coaxar) que é uma característica importante para a
receptividade da fêmea, que geralmente preferem machos
que produzam chamadas mais longas e com taxas de
chamadas mais elevadas. Os machos infectados, portanto,
acabaram se beneficiando com um maior sucesso
reprodutivo
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Mas por que para o fungo esse resultado é interessante? Simples! O fungo ataca o sistema imunológico do anfíbio e o suprime a custas de crescimento e sobrevivência. Com isso reduz o tempo de vida da rã infectada. O fungo, então, age impulsionando os esforços reprodutivos das rãs, facilitando assim sua própria transmissão, já que o risco de infecção é mais elevado durante o acasalamento. Por fim, mesmo esse fungo sendo um perigo para as espécies de anfíbios em escala global, para essa espécie de rã o fungo não é tão nocivo, uma vez que mesmo causando danos ao hospedeiro, este ainda assim consegue garantir sua reprodução.
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Março/2016
Autor: Ana Carla Lorenzo​
Para saber mais: http://www.sciencemag.org/news/2016/03/fungus-turns-frogs-sexy-zombies
Fungo age como cupido

Um sapo japonês macho chamando uma companheira.
http://www.sciencemag.org/news/2016/03/fungus-turns-frogs-sexy-zombies