
Um site para a divulgação científica das Ciências Biológicas
Entrevista: Dr. Eduardo Bessa

Brasiliense, Eduardo Bessa é doutor em Biologia Animal. Atualmente é professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa e é ele quem gerencia o site de divulgação científica Ciência à Bessa. Relata que durante sua graduação buscou vivenciar experiências externas à sua universidade, onde trabalhou no zoológico de Brasília com comportamento animal e enriquecimento ambiental e também trabalhou três meses no Projeto Tamar. Depois de concluir sua graduação continuou a trabalhar com comportamento animal em seu mestrado e doutorado. É membro do comitê educacional da Animal Behavior Society.
Bessa relata que seu interesse pela divulgação científica começou durante a graduação, onde já escrevia para o jornal interno do centro acadêmico, que chamava “RNA MENSAGEIRO”, e que durante o seu mestrado escreveu alguns textos para Folha de São Paulo, Estadão, entre outros.
Qual é sua opinião a respeito da CIÊNCIA NO BRASIL? Ela tem prosperado?
Ela tem prosperado, aumentado o número de publicação, que é um indicativo, tem aumentado a qualidade dessas publicações. E o que eu estou querendo ver é o impacto delas para sociedade.
O que ainda está faltando para que a ciência se torne cada vez mais acessível? Como a divulgação da ciência se encaixa nisso?
Eu acho que está faltando nós como pesquisadores se decidir a falar de um jeito que todos entendam. E não precisa ser incentivo da agência financiadora, mas sim nos darmos conta do valor dos resultados que alcançamos. Costumo fazer uma metáfora, que o cientista é uma criança mimada que recebe uma mesada alta, gasta o dinheiro todo e ainda pede mais para o pai, só que quando chega o boletim da escola ela esconde na bolsa. Então, a Universidade é algo caro e muitas vezes nós guardamos os nossos resultados de pesquisas e não difundimos em meio à sociedade.
Como esta sendo o retorno dos seus leitores? Qual é o seu nível de satisfação em fazer o seu blog?
O trabalho com Blogs é meio decepcionante por que estimasse que a cada 100 pessoas que leem o artigo, uma comenta. Mas na ultima análise que eu fiz a contagem de acessos por mês chegava a ser de 40.000 pessoas. Então se depender desse tipo de feedback é meio desestimulante. Porém, um fato que me marcou bastante, foi quando me reconheceram em um evento que participei. Além, do fato de estabelecer parcerias com editoras, autores.
Diante de uma grande quantidade de artigos científicos sendo publicados anualmente. Quais são os seus critérios de escolha para divulgação científica?
Até a ironia, o sarcasmo da natureza de vez em quando é um critério de escolha, é uma coisa meio cultural. Temas do cotidiano. É mais fácil delimitar um tema e ir a procura de artigos que falam sobre ele.
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Sobre quais áreas de pesquisa você gostaria de ter a possibilidade de postar mais no seu site de divulgação científica?
Eu sempre gosto de escrever sobre comportamento porque é uma coisa que eu pesquiso. E é o que acaba dando mais acesso ao blog.
Sobre sua vida profissional e pessoal, como você concilia um horário para seu blog?
Na verdade eu não gasto muito tempo com o blog, chega a ser 20 %. E o interessante que é algo que me demanda pouco tempo e o que me dá mais oportunidades profissionais, como convites para congressos, como é o caso aqui. Derivam dessa minha faceta. Inclusive acredito que eu deveria investir mais em blogar.
Em relação ao seu blog: Todos nos sabemos a importância dele na divulgação científica. As páginas são de fácil acesso e os textos podem ser lidos por qualquer pessoa, pois, possui clareza e é de fácil entendimento. Conte-nos sobre os projetos futuro do blog.
Conversando com o Science Blogs, chegamos a conclusão que a internet está mudando, o interesse por outras mídias.
O senhor, além de divulgador, é um pesquisador. Conte-nos sobre suas metas acadêmicas.
No momento estou investindo em 3 linhas principais. A primeira é como o comportamento para gerenciar uma das atividades mais importantes para a preservação da natureza cujo impacto é menos conhecido sobre a própria natureza que é “turismo de natureza”. Dentro da área mais pura da ciência, eu estudo comportamento reprodutivo de peixes, mas tem outro método relacionado ao inseto conhecido como Tesourinha, que um comportamento parental fantástico.
Dá tempo de ser um bom pesquisador e também um bom divulgador? Não seria melhor que houvessem pessoas exclusivamente dedicadas a divulgação "liberando" o cientista para fazer exclusivamente ciência?
Eu acredito que não seria melhor, mas se você acha que não dá conta existem empresas que fazem esse trabalho.
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Entrevitadores: Cristiane Samara Sousa Silva, Flavia Karolina Pereira Barreto Bettiol, Jakeline Cappeli de Almeida, Ludmylla Fernanda de Siqueira Silva, Rosiane Vitor de Carvalho.
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Entrevista realizada em Março/2016